O vírus da gripe Influenza A H3N2 segue se espalhando rapidamente pelo Brasil. Na última quinta-feira (23), o estado do Rio Grande do Sul confirmou a primeira morte pela variante, no município de São Francisco de Paula. Na Bahia, já são cinco óbitos e a capital Salvador está em alerta para surto. Em Pernambuco, a Secretaria Estadual de Saúde registrou mais duas mortes nesta semana.
No Rio de Janeiro já são sete mortes causadas pelo subtipo H3N2, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde da Prefeitura do Rio. O estado pode ser considerado a porta de entrada da nova mutação no Brasil, segundo o pesquisador Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe da Fiocruz, por conta da grande movimentação nos aeroportos da capital.
Os estados de São Paulo, Pará, Amazonas, Rondônia e Goiás estão em alerta por conta da alta no número de casos, apesar de ainda não terem registrado óbitos relacionados ao subtipo H3N2.
Sintomas e vacina
Assim como ocorre com o coronavírus, o vírus H3N2 é facilmente transmitido de pessoa para pessoa, através de gotículas expelidas pela tosse, espirro ou fala. Segundo o Dr. Carlos Machado, os sintomas são semelhantes ao de uma síndrome gripal. “Os sintomas provocados são semelhantes a um quadro infeccioso viral. Então os mais comuns são febre, tosse seca, dor no corpo. Em crianças, pode dar dor de barriga e diarreia”, esclarece.
O médico também afirma que os sintomas podem ser parecidos com os de Covid-19. Mas, no caso da influenza, eles são mais intensos nas primeiras 48 horas, enquanto que na Covid-19, eles aparecem a partir do 5º ou 6º dia. Mesmo assim, se houver dúvidas, é preciso fazer o teste para ter o diagnóstico preciso.
As prevenções para não contrair o vírus da Influenza são as mesmas que já estamos acostumados desde o começo da pandemia de Covid-19: usar máscaras, higienizar as mãos com frequência e evitar aglomerações. Além disso, o Ministério da Saúde, através do SUS, disponibiliza gratuitamente vacinas contra a Influenza. Porém, Marcelo destaca que a nova cepa H3N2 não é compatível com as cepas presentes nesse imunizante.
“A vacina da gripe é composta por três vírus: uma cepa da Influenza A, que é H1N1; uma cepa da Influenza A, que é H3N2; e uma cepa do vírus da Influenza B. A escolha de qual cepa vai entrar na vacina é feita de acordo com o que aconteceu na temporada passada. No nosso hemisfério, é por volta de setembro que se bate o martelo para saber qual será a composição da vacina para o ano seguinte. Então, naquela época, essa variante do H3N2 não era a dominante, e não tinha indícios de que ela passaria a ser dominante agora”, explica.
Gomes acrescenta que esse não é um caso isolado, que é “da natureza da biologia” que o vírus da gripe mude de forma acelerada e que, mesmo a vacina disponível não tendo uma proteção específica contra a nova cepa, é importante se vacinar para prevenir infecções causadas pelas demais cepas.
O Instituto Butantan, maior produtor de vacinas para a gripe do Hemisfério Sul, confirmou que já iniciou a preparação dos bancos virais para atualizar o imunizante contra a nova variante, e que as vacinas devem estar disponíveis para os brasileiros no começo de 2022.
Fonte: Brasil 61