A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, nesta segunda-feira (9), o uso do medicamento Mounjaro (tirzepatida) para o tratamento da obesidade e do sobrepeso no Brasil. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União e amplia as indicações do remédio, que já estava disponível no país desde maio de 2025 para pacientes com diabetes tipo 2.
Fabricado pela farmacêutica norte-americana Eli Lilly, o Mounjaro é um medicamento injetável, aplicado semanalmente por meio de uma caneta e está disponível nas dosagens de 2,5 mg e 5 mg. Com a nova aprovação, ele passa a ser indicado para adultos com índice de massa corporal (IMC) igual ou superior a 30 (obesidade), ou igual ou superior a 27 (sobrepeso), desde que associado a pelo menos uma comorbidade, como hipertensão, colesterol alto ou pré-diabetes.
A indicação também prevê que o uso do medicamento seja acompanhado de uma dieta de baixa caloria e da prática regular de atividade física.
Como o Mounjaro funciona? A tirzepatida, princípio ativo do Mounjaro, age de forma dupla nos receptores dos hormônios GIP e GLP-1, produzidos no intestino e liberados após as refeições. Essa atuação combinada contribui para o controle da glicemia e também ajuda a reduzir o apetite, promovendo maior saciedade e facilitando a perda de peso. Essa ação dupla é o que diferencia o Mounjaro de concorrentes como Ozempic e Wegovy, que atuam apenas nos receptores de GLP-1.
Eficácia comprovada – A aprovação da Anvisa foi baseada nos resultados do programa internacional SURMOUNT, que reuniu mais de 20 mil pacientes em sete estudos clínicos de fase 3. Os dados mostraram que pessoas tratadas com Mounjaro, associando o uso do medicamento à dieta e à prática de exercícios físicos, apresentaram perda de peso significativamente maior em comparação ao grupo que recebeu placebo. Na dose mais alta (15 mg), a média de perda de peso foi de 22,5%, enquanto na dose de 5 mg foi de 16%. O grupo placebo perdeu, em média, apenas 0,3% do peso corporal.
Além disso, cerca de 40% dos participantes que usaram o Mounjaro relataram perda superior a 40% do peso corporal. Também foram observadas melhoras em indicadores como colesterol, pressão arterial e medidas da cintura — mudanças que, embora não façam parte da indicação principal do medicamento, foram registradas como desfechos secundários.
Um estudo publicado em maio no The New England Journal of Medicine comparou o Mounjaro à semaglutida, substância presente nos medicamentos Ozempic e Wegovy. Os pacientes que utilizaram a tirzepatida perderam, em média, 22,8 kg ao longo de 72 semanas, enquanto os tratados com semaglutida perderam 15 kg no mesmo período. O percentual de perda de peso também foi superior: 64,6% dos usuários de tirzepatida perderam pelo menos 15% do peso corporal, contra 40,1% entre os que utilizaram semaglutida.
Custo do tratamento
O preço do Mounjaro varia de acordo com a dosagem e com a forma de aquisição. A caixa com quatro canetas na dosagem de 2,5 mg custa R$ 1.406,75 quando adquirida pelo programa da fabricante Lilly no e-commerce, e R$ 1.506,76 nas lojas físicas. Fora do programa, esse mesmo kit sai por R$ 1.907,29. Já a caixa com quatro canetas de 5 mg custa R$ 1.759,64 no e-commerce da Lilly e R$ 1.859,65 nas lojas físicas. Fora do programa, o valor sobe para R$ 2.384,34.
Novo olhar sobre a obesidade
Especialistas destacam que a aprovação do Mounjaro representa um avanço importante no tratamento da obesidade. Luiz Magno, diretor da Área Médica da Lilly do Brasil, afirma que a doença ainda é vista, de forma equivocada, como uma simples consequência de escolhas pessoais. “Durante décadas, dieta e exercício foram as únicas opções de tratamento, mas nem todos os pacientes conseguem perder peso apenas com essa abordagem”, explica.
Segundo ele, o próprio metabolismo do corpo humano pode dificultar a perda de peso ao aumentar a fome e reduzir a saciedade em resposta a uma dieta restritiva. Nesse contexto, medicamentos como o Mounjaro oferecem novas alternativas para quem convive com a obesidade e busca formas mais eficazes de controle de peso.
Com a aprovação da Anvisa, o Brasil ganha mais uma ferramenta no combate à obesidade, uma condição crônica que afeta milhões de pessoas e que exige abordagens mais amplas e personalizadas.