
O envio de mensagens ofensivas ou ameaçadoras aparece como o episódio mais recorrente. Nada menos que 5% das mulheres do país, o equivalente a 4,8 milhões de brasileiras, afirmaram ter recebido esse tipo de ataque. Também se destacam a divulgação de informações falsas nas redes sociais e as invasões de contas e dispositivos pessoais, ambas relatadas por 4% das entrevistadas. Ao todo, 8,8 milhões de mulheres sofreram alguma forma de violência digital no último ano.
Entre as agressões que mais chamaram atenção neste ciclo está o uso de fotos ou vídeos íntimos para chantagem. A prática, que expõe vítimas a um tipo de coerção que mistura violência sexual, psicológica e tecnológica, dobrou em relação à edição anterior da pesquisa: passou de 1% para 2%, representando mais de 1,4 milhão de brasileiras.
O recorte por faixa etária acende outro alerta. Enquanto 10% das mulheres com 16 anos ou mais relatam ter sido alvo de violência digital, entre aquelas de 16 a 29 anos o percentual chega a 15%. No caso específico de mensagens ofensivas ou ameaçadoras, a proporção sobe de 5% para 9% nesse grupo.
Os dados fazem parte de uma série histórica iniciada em 2005, quando a pesquisa foi criada para auxiliar a formulação da Lei Maria da Penha. Nesta edição, foram ouvidas 21.641 mulheres de todas as regiões do país, por telefone fixo e móvel. As amostras são probabilísticas, com margem de erro de 0,69 ponto percentual e 95% de confiança.
O estudo integra o trabalho contínuo do DataSenado, órgão com mais de duas décadas de atuação na produção de pesquisas que orientam a atividade parlamentar. Já o Observatório da Mulher contra a Violência, criado em 2016, reúne e analisa informações sobre violência de gênero, contribuindo para políticas públicas de enfrentamento a esse tipo de agressão.