Morreu nesta quinta-feira (29) o ex-jogador de futebol Pelé, aos 82 anos. O maior ídolo do futebol mundial estava internado no Hospital Albert Einstein, na capital paulista, desde o dia 29 de novembro, e seu quadro de saúde piorou nos últimos dias.
Segundo boletim médico do hospital, “o falecimento de Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, no dia 29 de dezembro de 2022, às 15h27, [ocorreu] em decorrência da falência de múltiplos órgãos, resultado da progressão do câncer de cólon associado à sua condição clínica prévia”.
Pelé tornou-se fenômeno mundial muito antes da globalização e da internet. É lendária — e verdadeira — a história de que, em 1969, oponentes chegaram a um acordo e interromperam a guerra civil no Congo Belga (hoje República Democrática do Congo) para ver o Santos jogar. A única condição para a trégua é que Pelé atuasse nas duas cidades em litígio, Brazzaville e Kinshasa. O Santos havia programado apenas um amistoso. Em nome da paz, jogou dois.
Nascido Edson Arantes do Nascimento, na cidade mineira de Três Corações em 1940, Pelé começou sua história com a bola quando seus pais se mudaram para o interior paulista em 1946. O pai, João Ramos do Nascimento, o Dondinho, também jogador de futebol, assinou com o Bauru Atlético Clube (BAC). Nas ruas poeirentas e nos campinhos de terra de Bauru, Dico, primeiro apelido de Pelé, ensaiou os primeiros chutes.
O início em Bauru
Alguns passos, dribles e gols depois, já convertido em Pelé, passou a defender o juvenil do BAC. Foi bicampeão da liga de Bauru (1954 e 1955). Em 1956, o ex-meia da seleção brasileira Waldemar de Britto viu jogar Pelé jogar, e convenceu Dondinho a levá-lo para um grande clube.
Titular no Santos com 15 anos
Aos 15 anos, Pelé chegou sozinho ao Santos (SP). Conquistou a diretoria e assinou o primeiro contrato. Ele seria titular do Santos já em 1957.
No Paulistão e no Santos, Pelé despontou para o mundo. Foram 26 títulos importantes em 18 anos de Santos, incluindo os bicampeonatos da Libertadores e do antigo Mundial de Clubes (1962 e 1963). A coleção completa, incluindo torneios de verão, supera 40 troféus. Seu desempenho no Paulista de 1957 o levou a ser convocado para a seleção brasileira.
Seleção brasileira
Com 16 anos e oito meses, foi, na época, o mais jovem atleta a defender a seleção principal. Na Copa do Mundo de 1958, vencida pelo Brasil, marcou seis gols, incluindo o da classificação contra o país de Gales (1 a 0), três na semifinal contra a França (5 a 2) e dois na final, contra a Suécia, dona da casa, atuação que lhe rendeu o título de “Rei”, concedido pela imprensa e torcedores franceses. Na Copa de 1962 contundiu-se na segunda partida e deixou a tarefa da vitória para os jogadores Amarildo e Garrincha. Chegou ao auge na Copa de 1970, no México, quando liderou a conquista do tricampeonato brasileiro. No auge da fama e do reconhecimento internacional, decidiu deixar a seleção em 1972.
Foi o primeiro jogador a marcar mil gols na carreira. Também foi o mais premiado atleta do futebol mundial, com mais de 60 títulos na carreira e 20 títulos e honrarias individuais, em 1981 foi eleito o Atleta do Século XX pelo jornal esportivo francês “L’Equipe”. Em 2014 recebeu da Fifa, de forma honorária, a Bola de Ouro, premiação ao melhor jogador do mundo.
Após se aposentar do futebol, atuou em filmes, foi cantor e compositor. Casou-se duas vezes, e teve oito filhos. Nos últimos anos, enfrentou duas cirurgias para colocar próteses do quadril e uma cirurgia corretiva da coluna. Teve também problemas renais. Uma joelhada nas costas danificou definitivamente um dos rins em 1974. O órgão foi removido. Isso o levou a problemas de saúde que culminaram em seguidas internações, a mais séria delas no final de 2018, em Paris. Em 2021, em meio à pandemia da covid, teve diagnosticado o câncer. O tumor começou no intestino, removido parcialmente, mas atingiu também o fígado e o pulmão.
Fonte: Valor Econômico